Ana Carolina Seara
Quantas vezes é necessário cair
no mesmo buraco para poder desviar dele?
Quantas vezes nossas maneiras habituais de viver nos fazem repetir as
mesmas situações? O que nos leva a fazer coisas que não compreendemos? O que nos leva a repetir os mesmos
erros? A repetir as mesmas escolhas?
Para podermos compreender o que
acontece, temos de retornar ao início. Em algum momento de nossas vidas,
tivemos de criar maneiras de resolver nossos problemas. Possivelmente algumas
dessas criações foram realizadas quando ainda éramos muito
pequenos. A maioria delas pode ter sido esquecida como conteúdo, mas mantemos a
mesma forma por anos e anos. Nem todas essas formas de lidar com nossos
desafios foram efetivas no sentido de solucionar o problema, mas podem ter sido
o único jeito que soubemos lidar com uma situação.
O tempo passou e nós crescemos,
algumas formas, mesmo que obsoletas se mantêm firmes e fortes, como aquele
velho remédio guardado no armário que um dia curou uma doença, a validade
expirou, mas continuamos utilizando o velho e conhecido remédio. É certo que
ele já não faz mais efeito, mas insistimos, pois é o único que conhecemos.
Durante nossa vida nos deparamos
com uma série de situações em que precisamos fazer escolhas e certamente
repetiremos formas de lidar que não resolvem o problema; noutras vezes,
recorremos a modos de evitar entrar em contato com algo que um dia foi difícil ( e evitar não é resolver).
Nem tudo é como gostaríamos que
fosse. Ninguém escapa disso. Mas
nem todas as formas são prejudiciais, algumas são muito efetivas. Outras não.
Quando podemos reconhecer que
algo se repete de um modo que não nos ajuda a resolver nossos desafios, esse é
o primeiro passo. Em seguida, precisamos criar novos jeitos, precisamos
abandonar o conhecido e arriscar. Não é um processo fácil se desfazer daquilo
que conhecemos e um dia foi a única resposta a um desafio. Mas é libertador
correr o risco e criar algo novo. É como aprender a escrever com a mão oposta
daquela que utilizamos. Nada fácil, mas, quando percebemos que esse é o único
jeito de escrever novamente, colocamos nossa energia nessa tarefa e
conseguimos, apesar da dificuldade.
O hábito nos leva a fazer as
coisas do mesmo modo. Mas é nossa coragem e desejo de nos libertarmos do que
nos amarra que nos faz criar com uma beleza singular novas formas de viver e
desviar dos buracos do caminho.
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