Ana Carolina Seara
Hoje eu acordei um pouco mais cedo. O sol e a claridade insistiam
em entrar pela fresta da janela do meu quarto e anunciar que o dia e mais uma
segunda-feira estavam começando. Mas, junto dessa nova semana que inicia,
também chega a primavera. Chega tímida, quieta.... depois de 3 dias de muitas chuvas que silenciaram e afligiram nosso estado (SC). Chega
como aquelas pessoas tranquilas, que não são adeptas a fazer alarde com sua chegada... chega
silenciosa, mas, nem por isso, menos percebida, chega como um sopro de
esperança em dias melhores. A
primavera, estação que anuncia a chegada de flores (que virão, logo em breve) chega
para devolver a fé para aqueles que há muito desanimaram com as chuvas, para
aqueles que já haviam desistido de acreditar que as coisas mudam, o tempo
passa, as flores sempre voltam a desabrochar, a luz do sol a aquecer, e tudo é novo de novo. Grande responsabilidade essa, de uma estação que, como qualquer outra,
dura o tempo que tem de durar, mas que, diferente das outras, mostra que o
tempo é de recomeço. Novos desafios, novos desejos, novos olhares....
Pouco tempo depois, e para minha
surpresa, ao chegar na sacada de casa, encontro alguns botões de flores, que
surgiram de repente... será que nessa madrugada? Ou já estavam ali, em desejo,
em projeto, em pensamento, em intenção... esperando apenas um impulso da natureza para iniciar sua jornada e
se mostrarem? Será que já estavam ali tão perto de mim sem que eu tivesse me
dado conta? Impossível saber, mas isso já não importa.
O que importa mesmo é sentir,
perceber, estar atento aos sinais que a vida nos envia... aos momentos em que
somos “assaltados” por cenas preciosas, momentos em que tentamos congelar o
tempo, como num registro fotográfico, guardar para a eternidade (posteridade?)
ou, pelo menos, por algumas horas as sensações que acompanham esses momentos
que, de tão especiais, parecem mágicos, por condensar numa curta fração de
tempo tanto sentimentos bons.
Isso me remete a Kairós, que na
mitologia grega, é filho de Chronos (Deus do tempo e das estações),
representante, para a filosofia grega, do tempo em potencial, não-linear,
“tempo oportuno”, tempo no sentido qualitativo; ou seja, o tempo vivido e não o
tempo que nos arrasta e aflige (Chronos, tempo quantitativo, o “tempo dos
homens”). Então, que sejamos
atingidos pelo tempo, no sentido kairótico, e possamos dele nos servir, para
que assim, a primavera não passe
sem ser vivida, sentida segundo a segundo...
E, por fim, eu desejo que as cores, os perfumes e as
sensações dessa nova e linda primavera possam se espalhar por muitos e muitos
dias... que a sua presença atinja
irremediavelmente o nosso verão, não
abandone o outono e siga firme e forte ao lado do inverno, para que,
então, a nova primavera possa dar seu ar da (de) graça!
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