segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Hoje eu acordei mais cedo...



Ana Carolina Seara

Hoje  eu acordei um pouco mais cedo. O sol e a claridade insistiam em entrar pela fresta da janela do meu quarto e anunciar que o dia e mais uma segunda-feira estavam começando. Mas, junto dessa nova semana que inicia, também chega a primavera. Chega tímida, quieta.... depois de 3 dias de  muitas chuvas que silenciaram  e afligiram nosso estado (SC). Chega como aquelas pessoas tranquilas, que não são adeptas a  fazer alarde com sua chegada... chega silenciosa, mas, nem por isso, menos percebida, chega como um sopro de esperança em dias melhores.  A primavera, estação que anuncia a chegada de flores (que virão, logo em breve) chega para devolver a fé para aqueles que há muito desanimaram com as chuvas, para aqueles que já haviam desistido de acreditar que as coisas mudam, o tempo passa, as flores sempre voltam a desabrochar,  a luz do sol a aquecer,  e tudo é novo de novo. Grande responsabilidade essa,  de uma estação que, como qualquer outra, dura o tempo que tem de durar, mas que, diferente das outras, mostra que o tempo é de recomeço. Novos desafios, novos desejos, novos olhares....

Pouco tempo depois, e para minha surpresa, ao chegar na sacada de casa, encontro alguns botões de flores, que surgiram de repente... será que nessa madrugada? Ou já estavam ali, em desejo, em projeto, em pensamento, em intenção... esperando apenas um impulso  da natureza para iniciar sua jornada e se mostrarem? Será que já estavam ali tão perto de mim sem que eu tivesse me dado conta? Impossível saber, mas isso já não importa.

O que importa mesmo é sentir, perceber, estar atento aos sinais que a vida nos envia... aos momentos em que somos “assaltados” por cenas preciosas, momentos em que tentamos congelar o tempo, como num registro fotográfico, guardar para a eternidade (posteridade?) ou, pelo menos, por algumas horas as sensações que acompanham esses momentos que, de tão especiais, parecem mágicos, por condensar numa curta fração de tempo tanto sentimentos bons.

Isso me remete a Kairós, que na mitologia grega, é filho de Chronos (Deus do tempo e das estações), representante, para a filosofia grega, do tempo em potencial, não-linear, “tempo oportuno”, tempo no sentido qualitativo; ou seja, o tempo vivido e não o tempo que nos arrasta e aflige (Chronos, tempo quantitativo, o “tempo dos homens”).   Então, que sejamos atingidos pelo tempo, no sentido kairótico, e possamos dele nos servir, para que assim, a primavera não passe  sem ser vivida, sentida segundo a segundo...

E, por fim, eu  desejo que as cores, os perfumes e as sensações dessa nova e linda primavera possam se espalhar por muitos e muitos dias... que  a sua presença atinja irremediavelmente o nosso verão, não  abandone o outono e siga firme e forte ao lado do inverno, para que, então, a nova primavera possa dar seu ar da (de) graça!


 

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