segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Passado, presente e futuro


Ana Carolina Seara
 
Se observarmos a natureza, perceberemos que tudo está em constante modificação. As estações do ano são um belo exemplo. “Tudo muda o tempo todo no mundo”, trecho da música Como uma onda, de autoria de Lulu Santos e Nelson Motta, sintetiza poeticamente essa verdade universal. Todos estamos sujeitos ao tempo. Bendito ou cruel Senhor Tempo, que faz com que as plantas desabrochem, as crianças cresçam, o inverno chegue e a noite caia.

Algumas pessoas passam a vida lutando contra ele, como se ele fosse sinônimo de envelhecimento. Outras passam a vida desejando que o tempo passe, procurando alcançar algo que estaria (e estará) sempre por vir num tempo futuro. O paradoxo do tempo é que ele só acontece no presente, nesse exato momento. O que você está fazendo agora? 

Se você for responder, ou pensar, sobre o que está fazendo nesse exato momento, a resposta só poderia ser que está lendo este texto. Mas se enganam aqueles que separam esquematicamente: passado, presente e futuro. Afinal, se você pode ler isto que escrevi é porque um dia aprendeu na escola a ler e interpretar textos e, quando você lê isto que escrevi, automaticamente você pode fazer conexões com o que já escutou sobre o assunto e ir construindo um entendimento sobre como esse tema mobiliza você e, talvez, no que você fará diante disso que pode estar pensando ou descobrindo sobre você mesmo. Ou seja: neste exato momento está o presente, passado e futuro.

Talvez você já tenha clareza sobre isso, ou não. Mas isso é um fato: as coisas não estão no lá e então, mas no aqui e agora. E no aqui e agora está o passado, o presente e o futuro. Entretanto, isso não significa que deveríamos incorporar um “laisser faire” em nossa vida. Deixar as coisas acontecerem só pode ser útil se você souber para onde está indo e, como não podemos controlar tudo, aquilo que você planeja e deseja para o futuro é apenas uma das suas possibilidades de futuro. Mas a escolha de cada possibilidade ou do caminho a seguir é inevitável e individual, não escolher e deixar a vida nos levar pode simplesmente significar não nos responsabilizarmos pelas nossas escolhas, porque não escolher ou permitir que alguém escolha por você também é uma escolha sua.

É no presente que eu planejo o que vou fazer no futuro, onde vou estar e o que desejo conquistar, com base em todas as decisões, escolhas e aprendizados feitos no passado. Contudo algumas pessoas vivem presas ao conhecido, fazendo sempre as mesmas escolhas, os mesmos lugares, os mesmos sabores e não ousam modificar nada, fazendo do presente uma reedição do passado. E o tempo? Ele passa, mas deixa nestes uma sensação de vazio, como observassem a vida passar na janela...

Mas, se não podemos lutar contra o tempo, talvez possamos nos aliar a ele, fazendo acordos possíveis. Se passado, presente e futuro estão contidos nesse exato momento, isso também significa que toda modificação que eu consiga fazer na atualidade, pode, além de modificar aquilo que eu vivo, modificar a minha forma de olhar para o meu passado e ampliar as minhas perspectivas de futuro. Por exemplo, ao ressignificar um acontecimento do presente, eu posso aceitar o passado (ao invés do que é muito comum viver brigando com ele) e com isso ver possibilidades de futuro que antes eu não percebia. Esse é um belo acordo com o tempo em que eu assumo o controle daquilo que está sob meu controle, abro mão do que não posso controlar, deixando de ser vítima do tempo, para ser seu companheiro: Companheiro de uma vida inteira.

“Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades... o tempo não para...” Cazuza

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